sexta-feira, 4 de julho de 2008

MAJOR JOÃO DA MATTA ESCREVE ARTIGO : "Pecado Imperdoável. Confesso, não sou culpado".

Major João da Matta, Corregedor Chefe do 2º BPM, recentemente escreveu um artigo de opinião produzido como trabalho de avaliação da disciplina Metodologia para Desenvolvimento de Comunicação, referente ao MBA em Gestão Estratégica de Pessoas na Administração Pública, que ora está cursando pela ESPEP.
Um texto bem interessante o qual divulgaremos abaixo. Parabéns ao major pelo artigo. São trabalhos assim que torna público o interesse e a importância de policiais militares atuarem nas mais diversas áreas do conhecimento.
"PECADO IMPERDOÁVEL. NÃO SOU CULPADO".

Acabo de cometer um pecado imperdoável, assim concluiu minha filha Camylla de 15 anos de idade. Eu estava me comunicando eletronicamente com um colega de farda através do hotmail quando Camylla fitando seus olhos no monitor, abruptamente interveio aproximando seu rosto ao meu ouvido – assim não painho! Surpreso, parei de digitar e, ato contínuo, ela assumiu o comando do teclado e passou a corrigir o meu lapso, escrevendo, digo, “teclando” numa língua estranha que economiza palavras, prática, mas para mim incompreensível.
Como já disse, o meu erro foi imperdoável, pois conversava com um amigo digitando minhas respostas no bom português, aquele que aprendi desde a minha mais tenra idade, quando na garagem da residência da minha querida e inesquecível professora Adelaide, do 1º ano primário, começava a escrever as minhas primeiras linhas na língua portuguesa.
Juro que não foi de propósito, mas palavras como você ( vc ), para ( p ), desculpe-me ( foi mau ), obrigado ( obg ), adeus ( fui ), casa ( ksa ), são inadmissíveis no internetês. Isso mesmo, Camylla não o conhece com essa denominação, muito formal para o seu gosto e talvez nem mesma exista, porém, como toda adolescente, digo, “mina” de sua idade, domina como ninguém a nova linguagem.
Passaram-se mais de 30 anos desde a escolinha da professora Adelaide, o socialismo utópico já não é mais defendido, caiu o muro de Berlim, o celular é uma realidade, o Brasil é o maior cliente da Microsoft, João Emannuel, meu caçula de dois anos de idade, sabe que mouse não é o ratinho Mickey. Já estou chegando aos quarenta, ainda vejo bibliotecas e minha casa está repleta de livros. Acho que vou resistir mais um pouco sem me fechar para o futuro. Quanto a Camylla não me preocupo tanto, pois tenho visto seu progresso com as letras, fruto do contexto sócio-cultural e familiar na qual está inserida. Mas sem querer ser preconceituoso o que dizer daqueles que não têm a mesma sorte.
Ainda não me acostumei com a nova idéia de comunicação eletrônica e não sei se concordo com sua linguagem. Os que a defendem dizem que nenhum mal causará, é questão de quebrar os velhos paradigmas e adaptar-se a nova realidade.
Confesso que tenho dificuldade para ser menos formal com as palavras, é que sou militar e tenho formação jurídica. Será que estou perdoado? É que me ensinaram que é importante falar o mais correto possível. Resta saber agora o que é escrever correto. Socorro professora Adelaide. Que pena, parece que ela também precisa de ajuda.
Camylla não abre mão do seu ponto de vista e penso mesmo que melhor do que resistir é entrar em sintonia com o mundo moderno do internetês sem perder a essência da nossa língua. Tá ligado? Fui.


Referência do Autor:
João da Matta Medeiros Neto: Major PM, Especialista em Segurança Pública pela PMPE; Bacharel em Ciências Jurídicas pela UEPB; Professor de Direito Penal da Central Pró-Concursos;.Cursando MBA em Gestão Estratégica de Pessoas na Administração Pública pela ESPEP/UEPB.